Ghandi passava um dia por semana, todas as semanas, em silêncio. Comunicava apenas por escrito e, quando alguém vinha ter com ele, mesmo com um assunto sério, ele lembrava 'Peço desculpa, mas hoje é quinta, é o meu dia silencioso'.
Quando passamos tempo sozinhos e em silêncio, é-nos possível reparar que, dentro de nós, há lutas de nós com nós mesmos. Muitas delas são velhas e já andamos com elas há imenso tempo, combatendo-as uma e outra vez.
Essas batalhas não desaparecem só porque vivemos a vida ocupadamente. Quando nos enchemos de trabalho, nos ocupamos com mil e uma actividades ou temos uma vida social agitada, elas estão lá e acompanham-nos para onde quer que vamos.
Por muito que nos custe a acreditar, essas batalhas moldam o nosso comportamento e as nossas reações. É no silêncio e na solidão que somos mais capazes de as identificar e fazer as pazes com elas.
A nossa sociedade ensina-nos que a melhor atitude é o 'esquece isso' ou o 'faz-te homem e deixa isso para lá'. No entanto, essa atitude não remove os nossos conflitos interiores, pelo contrário, pode até maximizá-los.
Há uma famosa frase daquele que é considerado o Ghandi do Cambodja, dita no Congresso Americano, que refere que 'o nosso verdadeiro trabalho está em remover os marcos do nosso coração'. Com esta frase, ele convidava políticos a olharem para o seu interior, por uns momentos. Pois só a transformação individual levará ao caminho para a paz mundial.
Por isso, faço-vos um convite, hoje. Durante a próxima semana, marquem 10 minutos por dia no vosso calendário. São 10 minutos para vocês, para estarem em silêncio e na solidão. Observem o que vem à cabeça, sem julgamento. Deixem os pensamentos ir e vir. E, no fim dessa semana, contem-me o que mudou. Combinado?
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