Tal como a tartaruga e a lebre, todos nós chegamos ao mesmo destino, juntos, eventualmente.
Esta frase de Madisyn Tailor fez-me refletir acerca da maneira como somos educados para ser os melhores, ser da maneira que a sociedade procura que sejamos e à velocidade que esta mesma sociedade acha ‘normal’.
Todos conhecemos o conto, mas deixem-me recordar-vos a história que nos apresenta uma lebre, que se achava a mais bonita, a mais rápida e a mais esperta do bosque onde vivia também uma tartaruga, que percorria o bosque muito vagarosamente.
A lebre gostava muito de se vangloriar em frente dos outros e, frequentemente, chamava a tartaruga de velha e lenta.
Um dia, combinou-se uma corrida entre as duas e, numa atitude de exagerada confiança, a lebre decidiu que ia sentar-se debaixo de uma árvore porque mesmo assim, ganharia a corrida. Deixando-se dormir, a lebre acordou sobressaltada, já com a tartaruga quase a cruzar a meta, e começou a correr para alcançá-la.
A reta final, era numa descida e, ao olhar para trás para a lebre, a tartaruga tropeça numa pedro e rola por ali abaixo, chegando, para surpresa de todos, mais rápido que a lebre à meta, ganhando a corrida.
O conto recorda-nos que pessoas diferentes, a diferentes ritmos, percorrem a vida a diferentes velocidades e não são necessariamente inferiors/superiores às outras.
Na verdade, a história mostra um animal mais lento a chegar em primeiro lugar à meta e isso acontece na vida de igual modo: alguns de nós parecem mover-se rapidamente face aos desafios e obstáculos que lhes surgem, outros precisam de períodos mais extensos para processar emoções e pensamentos.
Para quem se move rapidamente, pode ser muito difícil lidar com alguém mais lento. No entanto, podemos tomar o conto como exemplo e pensar que, eventualmente, todos chegaremos ao mesmo destino.
Vivemos tempos em que as pessoas acham que se não viverem a toda a velocidade, não existem. Nos processos de recrutamento, vejo candidatos que fazem tudo e mais alguma coisa durante a semana e, ao fim de semana ainda têm um side project que lhes ocupa o tempo.
Não duvido que esta velocidade constante lhes raga valências técnicas muito interessantes. No entanto, será que estas pessoas estão aptas a fazer o resto? Serão estas pessoas portadoras de inteligência emocional? Terão sempre energia para manter este ritmo?
Não sabemos existir, apenas.
É importante lembrarmo-nos que nós não estamos numa corrida, para ver quem chega primeiro. E que os mais rápidos de hoje, não serão necessariamente os que atingirão determinada meta antes dos outros.
Esta ideia é crucial no que toca à educação. Procuramos criar crianças para serem superiores: os melhores atletas, os melhores a ler, os melhores a matemática, os mais rápidos a fazer o teste… Mas não os ensinamos a processar a outra face da moeda e a ser os melhores a entender o outro, o melhor a perceber as suas emoções, mesmo que isso leve muito tempo.
Conhece aquela história de uma turma que tinha 3 alunos: um macaco, um peixe e uma chita? Então, na disciplina de natação o peixe era o melhor aluno, a chita o mediano e o macaco o pior aluno; na disciplina de subir às árvores, o macaco era o melhor, a chita o mediano e o peixe o pior aluno. Adivinha quem era o melhor na disciplina de corrida?
Deixem as vossas crianças serem crianças, deixem-nas apenas ‘estar’, apenas ‘existir’. Não as encham de actividades e as obriguem a ser as melhores porque não é isso que vai garantir o seu sucesso. Imaginem a melhor decoração de interiores numa casa com pilares de madeira todos podres — não é isso que queremos para os nossos filhos, mas sim ajudá-los a criar uma base forte, resistente, que um dia eles decorem à sua própria maneira.
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