Muitos dos professores com que troquei mensagens durante o mês passado confessaram que dedicaram Setembro ao trabalho da inteligência emocional.
O regresso às aulas, depois de um período de férias, assim o pedia. Já para não mencionar os tempos atípicos pelos quais navegamos atualmente e durante os quais é ainda mais importante desenvolver estas capacidades.
Outubro não será diferente, o resto do currículo aguarda, mas o trabalho no campo sócio-emocional é contínuo e introduzi-lo na rotina pode ser uma óptima maneira de o incluir, sem trazer esforço e tempo extra a ti, professora, que tanto tens para planear.
Então, quais os benefícios de introduzir rituais de trabalho da inteligência emocional no dia a dia?
O desempenho académico será melhor, pois os alunos estarão melhor preparados para lidar com as emoções e prontos para se focarem no que há para aprender.
O investimento na inteligência emocional, hoje, trará frutos durante o te at o das suas vidas.
Promove um melhor relacionamento consigo mesmos, com os outros e com toda a escola.
Aumenta o mindset positivo, contribuindo para um ambiente geral de sala de aula igualmente positivo.
Fornece aos alunos a capacidade de gerir desafios, ansiedade e stress.
Mas como o podes fazer sem sobrecarregar o teu tempo a preparar atividades focadas na inteligência emocional todas as semanas?
Criar rituais diários ajuda os alunos em algo que é tão importante para o equilíbrio emocional e mental - a rotina. Se o dia começa sempre da mesma maneira, ou termina sempre com a mesma actividade, eles aprendem a criar uma expectativa que não os defrauda - já basta as surpresas que nos acontecem durante o dia. O ser humano gosta de padrões, e na rotina isso não é excepção.
No livro ‘The body keeps the score’, Bessel van der Kolk partilha que as crianças que sofreram abusos ou são negligenciadas, tendem a entender desvios à rotina como perigo, e as suas reações adversas a essas alterações são fruto do stress do trauma. Termos esta ideia presente pode ajudar a identificar certas atitudes e comportamentos e a ajudá-los a lidar com elas.
Um exercício tão simples como começar a manhã sabendo como eles estão pode ajudá-los a conectarem-se com as suas emoções e sensações corporais.
Podes fazê-lo criando um quadro de emoções, onde eles assinalam como estão hoje.
Isso vai ajudá-los não só a estimular a atenção para si, mas também a guiar o dia, de acordo com o que eles sentem: se houver muitos alunos cansados, talvez não seja um bom dia para introduzir conceitos novos ou conteúdos que possam ser mais pesados.
Outra atividade que pode estimular este auto-conhecimento é a do role-play:
podes mostrar uma carta com uma emoção e pedir que imitem a cara que aparece na carta
outra alternativa é fazer isso com a ajuda de um espelho. Ao mostrar a carta e pedir que eles imitem a emoção ao espelho, eles vão começar a perceber quais são os sinais de quando se sentem tristes, felizes, cansados, etc.
Muitos de nós vivemos desconectados de nós mesmos e dos nossos corpos. Não sabermos o que acontece no nosso interior não nos permite resolver conflitos que lá possam existir.
Pensemos no simples ato de comer. Se eu não tiver uma conexão com o meu corpo, não souber os sinais de quando tenho fome ou de quando já comi o suficiente, não vou conseguir agir de acordo com isso. Então, caso não esteja atenta aos sinais de que o meu estômago está saciado, a tendência é que cima mais que o necessário e possa trazer indisposição para o resto do dia, ou até caminhar em direção à obesidade, no longo termo.
Agora faz o mesmo exercício para outras áreas (ir à casa de banho, estar doente, etc.) e reflete nas consequências que isso traz no dia a dia.
Portanto, ajudar as crianças a identificar emoções e sensações corporais é uma das ferramentas mais importantes que lhe podemos oferecer e que lhes vão dar suporte o resto da vida.
Estas actividades podem ser feitas em idades tão tenras como os 3 anos.
Já as fazes com os teus alunos?
Conta-me tudo nos comentários ;)
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